segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A Morte




Ela anda escondida entre a multidão, envolta no silêncio maternal, camuflada com o brilho do sol. De noite veste o seu manto negro e sai pelas vielas chorando baixinho, correndo de encontro ao mar.


Desce a encosta descalça, caminha na areia fria, os olhos postos no céu, lágrimas lavando o seu rosto.


Ali fica, fitando o infinito, abraçada a si mesma para não sentir o frio corroer os seus ossos. Balança o corpo devagar e canta uma canção de embalar enquanto a Lua lá no alto se faz reflectir redonda e cheia nas ondas do mar.


O pensamento longe, perdido em outros tempos e lugares, retorna já sem brilho à mente cansada. Senta-se e fecha os olhos por breves momentos. O som calmo e ritmado das ondas e a maresia invadem os seus sentidos e ela retoma a força que perdera com a saudade. Mais reconfortada volta para casa, o gato vadio como única companhia. O retrato em cima da mesa sorri para ela através dos tempos. Agarra nele, num ritual tão cheio de significado e leva-o consigo para o quarto onde finalmente se deixa adormecer.




Sem comentários: