terça-feira, 21 de agosto de 2007

Procuro




Procuro uns olhos que vejam no mais profundo do meu ser.

Procuro uns braços que me prendam junto ao peito e acalmem as minhas ânsias.

Procuro uns lábios que se curvem num sorriso quando estou perto, que sussurrem palavras quentes ao meu ouvido.

Procuro uma voz que ecoe dentro de mim e me faça tremer até aos ossos, uma voz que me leve até ao céu.

Procuro um ser que me assalte por inteiro e que retire de mim o amor que guardo. Alguém que se entranhe na minha pele como odor acre, como suor salgado escorrendo no meu corpo.

Procuro uma alma que conheça a minha de outras vidas e sonhos, que complete a minha num laço firme de nó cego.

Quero esvaziar o meu coração até à última gota de amor, morrer com ele seco mas feliz.

Quero terminar os meus dias a escrever as memórias e não os lamentos de emoções que não vivi.

Quero colocar num local inantigível os medos que trago como farpa cravada no meu peito e esquecê-los. Sim, porque o esquecimento vota à inexistência aquilo que é perecível ou imortal.

A distância entre a felicidade e a amargura é um passo de formiga que um gigante apaga só com um sopro.

foto: http://www.flickr.com/photos/marcotedeschi/413823973/

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