terça-feira, 21 de agosto de 2007

Pedaços de mim

O vento da saudade sopra na minha direcção. Uiva como lobos perdidos na noite. O luar é o sonho, as estrelas são as cores com que o pinto.
São pensamentos soltos, feitos de realidades repartidas, de tempos diferentes, de situações diferentes. São palavras, gestos e imagens que povoam o meu imaginário reflectindo aquilo que fui e aquilo que sou, como peças de um puzzle difícil de montar.
Não me compreendo, da mesma forma que não compreendo aqueles que me rodeiam, mas prefiro acreditar que é dessa complexidade de géneros que nasce a beleza humana.
Estou cansada de pintar de negro o futuro e relembrar o passado com cores brilhantes. Quero aprender a ter esperança no porvir, acreditar que para lá dos portões da vida nem tudo são buracos profundos que nos absorvem para o vazio. Mas a tarefa não é fácil, a dura realidade sobrepõe-se ao sonho e faz cair por terra qualquer castelo edificado na areia com alicerces de fé apenas feitos.
Existirá alguma mensagem oculta na simbologia confusa da vida que levo? Estarei a perder de vista o sentido primário desta jornada? Talvez, como sempre, a festa acabou e eu cheguei atrasada! Os enfeites estão dispersos no chão: marcas da alegria que passou e que perdi. Desmonto o palco, apanho as canas e volto de novo para o casulo, escondo-me no quente da cama e deixo o sonho comandar a alma. Afinal de contas, sonhar não paga imposto, pois não?

foto: http://www.flickr.com/photos/8404441@N03/508989604/

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